A distócia de parto representa uma condição desafiadora, caracterizada por uma progressão anormal do trabalho de parto. Esse quadro pode estar relacionado a diversos fatores, como as contrações uterinas, a posição, tamanho ou apresentação do feto, e até mesmo à adequação da pelve materna. Esses problemas podem dificultar ou impedir o avanço do parto, demandando intervenções para garantir a segurança da mãe e do bebê.
No entanto, compreender a distócia vai além da análise separada desses elementos. Por exemplo, a diminuição da intensidade das contrações pode ser resultado de um posicionamento fetal inadequado, não se tratando, portanto, de um problema de contrações ineficientes, mas sim de uma questão de posicionamento. Este, por sua vez, pode ser influenciado por tensões pélvicas excessivas.
Nesse contexto, qual deve ser a conduta dos fisioterapeutas? Deve-se incentivar a deambulação para aumentar a eficiência das contrações? Aplicar terapia manual nos músculos e ligamentos pélvicos? Colocar a parturiente em posições que facilitem o movimento do feto no canal de parto?
Diante dessa complexidade, a abordagem dos fisioterapeutas no contexto da maternidade deve ser personalizada. Primeiramente, é essencial que o profissional esteja ciente, junto à equipe, do andamento do trabalho de parto. Compreender a dinâmica uterina, o posicionamento fetal, a altura do polo cefálico, as condições do colo uterino e o bem-estar materno-fetal direcionará as possibilidades terapêuticas. Portanto, o fisioterapeuta deve manter uma comunicação constante com a equipe que está dando assistência à parturiente.
É crucial que o fisioterapeuta que assiste mulheres em trabalho de parto possua um amplo conhecimento não apenas sobre a neurofisiologia e os mecanismos do parto, mas também seja proficiente na aplicação de seus conhecimentos específicos sobre biomecânica, fisiologia muscular, cinesiologia, cinesioterapia, terapia manual, sistema respiratório, entre outros. Essa expertise permite ao fisioterapeuta compreender a interação complexa entre o corpo da mulher, o bebê e o ambiente durante o trabalho de parto, facilitando a adoção de abordagens terapêuticas personalizadas e eficazes. A combinação das habilidades específicas da fisioterapia com uma compreensão abrangente do processo de parturição torna o fisioterapeuta um membro essencial da equipe de assistência ao parto.
As escolhas terapêuticas devem ser baseadas em evidências científicas e nas preferências da paciente, levando em consideração os possíveis efeitos adversos das intervenções fisioterapêuticas.
Para concluir, gostaria de incentivar todos os fisioterapeutas que atuam na área da saúde da mulher a se engajarem na campanha “Por mais Fisioterapeutas nas maternidades” promovida pela Associação Brasileira de Fisioterapia na Saúde da Mulher (ABRAFISM). Essa iniciativa busca destacar a importância da presença e atuação qualificada dos fisioterapeutas nos serviços de saúde materna, contribuindo para uma assistência mais completa e qualificada às gestantes e parturientes. Ao participar dessa campanha, os profissionais fortalecem não apenas a própria categoria, mas também colaboram para a melhoria dos cuidados oferecidos às mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal. Junte-se a nós nesse movimento e faça a diferença na promoção da saúde materna no Brasil. Saiba mais sobre a campanha em: https://abrafism.org.br/campanha-maternidades.
Indicaçao de leitura:
D Desseauve , F Pierre , B Gachon , A Decatoire , P Lacouture , L Fradet . New approaches for assessing childbirth positions. J Gynecol Obstet Hum Reprod. 2017 Feb;46(2):189-195. doi: 10.1016/j.jogoh.2016.10.002. Epub 2017 Jan 30.