A incontinência urinária (IU) é um problema definido pela perda involuntária de urina, independentemente da situação, frequência ou gravidade da perda. Durante a gestação, é uma das disfunções mais comuns relatadas pelas mulheres, afetando de 32% a 64% delas.
Quando os sintomas de IU surgem durante a gravidez, há um aumento do risco de ocorrência nos anos seguintes, indicando que a própria gestação, independentemente do tipo de parto, é um fator de risco. Isso se deve às alterações nos tecidos do assoalho pélvico causadas por mudanças hormonais e ao aumento da pressão sobre a bexiga e as estruturas de suporte do assoalho pélvico devido ao útero gravídico e ao ganho de peso materno.(2)
A Sociedade Internacional de Continência (ICS) recomenda o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) como primeira linha de tratamento para a IU. Durante a gestação, o TMAP é também recomendado como prevenção para a IU nesta fase e no pós-parto para todas as mulheres. A ICS preconiza um programa intensivo e supervisionado pelo fisioterapeuta para todas as gestantes, independentemente do tipo de parto. (3)
No tratamento fisioterapêutico, é essencial uma avaliação abrangente das funções do assoalho pélvico, indo além do treinamento de força muscular, pois nem sempre a força muscular está diretamente ligada aos sintomas de IU. Durante a avaliação e tratamento, o fisioterapeuta aborda também as funções sensoriais, a capacidade de contração e relaxamento dos músculos, o tônus, a resistência e a coordenação. Além disso, são considerados outros aspectos como a respiração, a estabilização pélvica, a mobilidade.
Existem dúvidas sobre a eficácia de exercícios não específicos para o assoalho pélvico, como Yoga, Pilates ou treinamento indireto dos músculos do assoalho pélvico durante exercícios abdominais. No entanto, as evidências científicas demonstram que o treinamento específico é mais efetivo do que o treinamento indireto. Portanto, o acompanhamento com um fisioterapeuta é o caminho mais seguro e respaldado cientificamente para tratar e prevenir a incontinência urinária durante a gestação.
Referência bibliográficas:
(1 ) Abrams P et al. Incontinence: 6th International Consultation on Incontinence. 6.ed. Tokyo: ICS/ICU; 2017.
(2) Baracho SM, Marques LM. Atuação do Fisioterapeuta no Ciclo Gravídico-puerperal. In: Perilo, Tatiana VC. Tratado do Especialista em Cuidado Materno-infantil com Enfoque em Amamentação. Belo Horizonte: Ed Mame Bem, 2a ed, 2023. 183-200.
(3) Cardozo L et al. Incontinence. 7th International Consultation on Incontinence. 2023. ISBN:978-0-9569607-4-0